quarta-feira, 26 de março de 2014

Ação para investigar Dilma por compra de refinaria é "eleitoral", diz Cardozo


O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, classificou nesta terça-feira de eleitoreira uma representação de parlamentares na Procuradoria-Geral da República pedindo uma investigação da conduta da presidente Dilma Rousseff na negociação da Petrobras para comprar uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos.
Cardozo convocou uma entrevista coletiva para apontar supostas "omissões e imprecisões" da representação e dizer que esses parlamentares estavam criando "factoides". Para ele, os congressistas não teriam apresentado fatos novos que justificassem uma investigação.
"(A representação) nos parece fundada na intenção de focar na presidente uma ação que não lhe diz respeito", disse o ministro. "Não acho que faz parte do processo político uma representação com claro objetivo eleitoral", acrescentou.
A representação foi feita por sete senadores e um deputado de vários partidos e pede que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, analise se a presidente não cometeu crime de "prevaricação", já que era presidente do Conselho de Administração da Petrobras em 2006, ano em que a compra da refinaria foi aprovada.
Cardozo disse ainda que a representação omite informações para "turvar" o ambiente político. Segundo ele, todas as informações citadas na representação ao procurador-geral já são alvo de investigação da Polícia Federal, do Ministério Público, do Tribunal de Contas da União e da Controladoria-Geral da União.
"Não há investigação contra pessoas, há investigação de fatos", argumentou o ministro para desqualificar a ação dos parlamentares, negando que a crítica tenha sido feita a pedido da presidente.
Os problemas com o negócio em Pasadena são investigados desde 2008 pelo Ministério Público e pela própria Petrobras, mas ganharam novo contorno na semana passada depois que Dilma, que presidia o Conselho de Administração da estatal na época da aprovação da compra, afirmou que a operação se baseou em um documento "técnica e juridicamente falho".
Em 2006, a estatal comprou 50 por cento da refinaria no Texas, Estados Unidos, por 360 milhões de dólares, sendo 170 milhões de dólares referentes à compra de estoque de óleo, mas, em seguida, amargou uma batalha judicial com o parceiro no projeto, a Astra, e acabou desembolsando um total de 1,2 bilhão de dólares para adquirir a refinaria integralmente.

Os valores e os motivos da compra são agora alvo de questionamentos. Além da petição para que o procurador-geral investigue o caso, os partidos de oposição se articulam desde a semana passada no Congresso para criar uma CPI sobre o assunto.
Fonte: Reuters

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