quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Sequestro do ônibus 174 - Matéria Completa

O sequestro do ônibus 174 foi um episódio marcante da crônica policial do Rio de Janeiro, no Brasil. No dia 12 de junho de 2000, às quatorze horas e vinte minutos, o ônibus da linha 174 (atual 158) (Central–Gávea) da empresa Amigos Unidos ficou detido no bairro do Jardim Botânico por quase 5 horas, sob a mira de um revólver, por Sandro Barbosa do Nascimento, sobrevivente da Chacina da Candelária.

A agonia dos passageiros do ônibus carioca que faz a linha 174 teve início às 14h20 de segunda-feira. No bairro do Jardim Botânico, fez sinal o assaltante Sandro do Nascimento. Com bermuda, camiseta e um revólver calibre 38 à mostra, ele pulou a roleta e sentou-se próximo a uma das janelas. Vinte minutos depois, um dos passageiros conseguiu sinalizar para um carro da polícia que passava pela rua. O ônibus, então, foi interceptado por dois policiais. Nesse momento, o pânico já se havia instalado. O motorista e o cobrador abandonaram o veículo e alguns passageiros também conseguiram escapar, pulando pelas janelas e pela porta traseira. Dez passageiros, porém, foram tomados como reféns pelo sequestrador. Luciana Carvalho foi uma das primeiras que teve a arma colocada na cabeça. Sandro a levou para a frente do ônibus e queria que ela dirigisse o veículo. Foi ali que o sequestrador fez o primeiro disparo, um tiro contra o vidro do ônibus, feito para intimidar os fotógrafos e cinegrafistas no local.

Willians de Moura, que na época era estudante de administração, foi o primeiro refém a ser liberado, ficando outras dez pessoas que eram todas do sexo feminino. Após a liberação de Willians, Sandro apontou a arma na cabeça de Janaína Neves e a fez escrever nas janelas, com batom, frases como: "Ele vai matar geral às seis horas" e "ele tem pacto com o diabo".

Após um tempo, Sandro libera também uma mulher chamada Damiana Nascimento Souza. Damiana já tinha sofrido dois AVCs e, naquele momento, passou mal novamente tendo um terceiro derrame. Segundo uma reportagem da Revista Época, o derrame "deixou-a sem a fala e sem os movimentos do lado esquerdo do corpo. (…) Desde então, caminha com dificuldade, comunica-se por escrito e apenas dois motivos a fazem deixar a casa humilde, no topo do Morro da Rocinha: ir ao médico e depositar flores no cenário da tragédia".

Um dos momentos de maior tensão foi quando o assaltante andou de um lado para o outro com um lençol na cabeça de Janaína. Segundo ela, Sandro afirmou que iria contar de um até cem, e quando chegasse no fim da contagem, ele a mataria. Sandro contava pulando os números e, ao chegar no número cem, fez a refém se abaixar e fingiu dar-lhe um tiro na cabeça. Após isso, fez ameaças: "delegado, já morreu uma, vai morrer outra".

Desfecho do sequestro.

Refém é baleada quatro vezes: com um tiro de raspão no queixo disparado pelo policial e três nas costas, em disparos efetuados pelo sequestrador.
Momentos de tensão e diálogo fizeram cenário entre as reféns e Sandro por muito tempo. Às dezoito horas e cinquenta minutos no horário de Brasília, Sandro decidiu sair do ônibus, usando a professora Geísa Firmo Gonçalves como escudo. Ao descer, um policial do BOPE tentou alvejar Sandro com uma submetralhadora e acabou errando o tiro, acertando a refém de raspão no queixo. Geísa acabou também levando outros três tiros nas costas, disparados por Sandro.
De acordo com o Instituto Médico Legal, Geisa foi alvejada quatro vezes. A primeira vez, pela arma do policial. O que deveria ter sido o tiro letal no marginal feriu de raspão o queixo da moça. A reação do bandido foi se abaixar, usando a jovem como escudo. Ao mesmo tempo, disparava à queima roupa atingindo seu tronco e o meio das costas.

Com sua refém morta, Sandro foi logo imobilizado enquanto uma multidão correu para tentar linchá-lo. Ele foi colocado na viatura com outros policias segurando-o. Sandro foi morto por asfixia ali dentro. Segundo sua tia Julieta Rosa do Nascimento, a assistente social Yvone Bezerra e a mãe Dona Elza da Silva (a única pessoa que participou de seu enterro), Sandro não era capaz de matar ninguém, mas de acordo com a polícia do Rio, Sandro tinha um comportamento nervoso e agressivo e chegou a quebrar o braço de um policial e morder outros ao tentar, supostamente, tirar uma arma deles. Após alegações de que a morte de Sandro foi ocasional, os policiais responsáveis pela morte de Sandro foram levados a julgamento por assassinato e foram declarados inocentes. Em novembro de 2001, a linha 174 mudou de número para 158.
Geísa Firmo Gonçalves foi enterrada em Fortaleza — CE, no cemitério do Bom Jardim. Seu enterro foi acompanhado por mais de 3.000 pessoas.


Sequestro do ônibus 174 - Matéria Completa

0 comentários:

Enviar um comentário