quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Presos na Coreia do Norte cavam a própria cova, conta ex-guarda


Imagens de satélite mostram a expansão da maior prisão para dissidentes políticos da Coreia do Norte, de acordo com um relatório da Anistia Internacional divulgado nesta quinta-feira. Novos presídios, prédios de segurança e campos de trabalhos forçados surgiram nos últimos dois anos. O informe traz ainda novidades, como um ex-funcionário de segurança que conta pela primeira vez como os presos são obrigados a cavarem as próprias covas e sobre os estupros rotineiros de mulheres que depois desaparecem.

- A cruel realidade do contínuo investimento da Coreia do Norte em sua vasta rede de repressão está exposta - declarou Rajiv Narayan, pesquisador da Anistia Internacional para o Leste da Ásia.

A Coreia do Norte nega a existência dos chamados gulags, embora haja relatos sobre centenas de pessoas presas no país, incluindo menores de idade. Ex-detentos e funcionários do governo contam que os presos são obrigados a trabalhar de dez a 12 horas por dia, dormem pouco e são subnutridos.

Alguns não chegaram a ser formalmente acusados, sendo levados por “associação indevida”, por conhecerem ou serem parentes de dissidentes políticos.

Acredita-se que Kwanliso 16, na província de North Hamgyong, seja a maior prisão política do país. Com 560 km2, tem três vezes o tamanho da capital dos EUA, Washington, e em 2011 abrigava cerca de 20 mil pessoas.

As imagens de satélite, feitas em maio de 2013, indicam o aumento da população do Campo 16, com novos blocos dormitórios e outros mais em construção. Mostram ainda atividades econômicas, como mineração e agricultura, além da expansão da área industrial.


Lee, um ex-segurança do Campo 16 dos anos 80 até meados da década de 90, contou à Anistia Internacional sobre os métodos usados para executar prisioneiros. Os detentos eram forçados a cavar a própria sepultura e depois golpeados com um martelo no pescoço. Ele também testemunhou guardas estrangulando presidiários e batendo neles com pedaços de madeira até a morte. Mulheres desapareciam após serem estupradas.

- Após uma noite servindo aos oficiais, as mulheres tinham que morrer porque o segredo não podia vazar. Isso acontece na maioria dos campos para prisioneiros políticos - explicou Lee.

A Anistia compartilhou o material com a comissão da ONU que investiga abusos aos direitos humanos na Coreia do Norte e pediu às autoridades em Pyongyang que “imediatamente libertem todos os prisioneiros de consciência”.

Fonte: TheIndependent

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